Baseado na obra de Carlos Drummond de Andrade - Da utilidade dos animais, adaptado para o curta-metragem a seguir.
Boas férias a todos!
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos e tudo.
Por que é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo,
Arrepiado e triste sem cantar?
É que, criança, os pássaros não falam.
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:
"Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola,
De haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde construído
De folhas secas, plácido, escondido.
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pombas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade!
Não me roubes a minha liberdade...
Quero voar! Voar!
Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar,
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição,
E a tua mão tremendo lhe abriria
A porta da prisão...
Após problematização, diálogo e reflexão sobre a relação homem e natureza, nossos alunos exercitaram sua imaginação e criatividade! E como isso foi construtivo e relevante! Vejam abaixo as produções!
Por que os animais ficam presos?
Por que tanta falta de respeito?
Por que não nos colocamos em seu lugar?
Por que não aprendemos a amar?
Por que somos tão ingratos, mal-educados?
Por que será?
Será por que?
Me digam!
Resumindo:
Somos realmente ingratos. Se nós amássemos eles de verdade, teríamos mais sinceridade e reponsabilidade.
Ynglity
Em Curitiba, a sala de recursos funciona dentro do Instituto de Educação do Paraná e atende 75 estudantes oriundos da rede pública e particular de ensino, os quais, de acordo com o interesse, participam de grupos literários, artísticos ou de pesquisas cientificas. O trabalho com os alunos é ministrado pelas professoras Denise Matos e Paula Sakaguti. As educadoras são especialistas em educacional especial com ênfase em altas habilidades/superdotação, mestrandas em Educação e secretárias do Conselho Brasileiro Para Superdotação.
A professora Denise explica que a superdotação consiste na grande facilidade e rapidez na aprendizagem, que leva o aluno a dominar uma ou mais áreas do conhecimento. Estas áreas podem são nominadas de psicomotora, artística, acadêmica, produtiva/criativa e liderança. Para ela, a escola tem papel fundamental de oferecer estímulo nas diversas extensões, por ser este o espaço, por excelência, do conhecimento. “A família também precisa buscar informações e criar um ambiente adequado para facilitar o desenvolvimento da criança”, salientou.
Segundo Sakaguti, culturalmente há uma concepção de que o aluno superdotado aprende sozinho, no entanto, enfatiza que há necessidade da oferta de atendimento educacional especializado para estes estudantes. “É necessário reconhecer e valorizar o potencial da criança, inclusive do aluno superdotado, senão há o risco de gerar insatisfação e apatia do aluno em relação ao ambiente em que está inserido”, disse.
Metodologia - As atividades desenvolvidas envolvem projetos de aprimoramento extracurricular e são divididas em três categorias: interesse geral, grupos de pesquisa e atividades de produção teórica e prática. “Alguns alunos, depois de orientados, desenvolvem suas potencialidades e conseguem extrapolar as expectativas”, informa a professora Denise. Segundo ela, três alunas, após utilizarem a metodologia empregada na sala de recurso, conseguiram produzir um livro de contos com a ajuda da educadora e, na sequência, escreveram sozinhas um outro livro com estilo literário diferenciado, sendo que desta vez as professoras foram coparticipantes.
Ornitólogos mirins - Os alunos Luis Gustavo Cervi Araujo e Matheus Condessa Franke, ambos com 14 anos, participam do grupo de estudos das aves. “Fazemos saída de campo, pesquisas e observação das aves. Gosto de participar destas atividades, e também já participei dos grupos de literatura e teatro”, contou Luis. Para Matheus, é importante fazer parte deste grupo. “Fazemos a identificação e catalogação das espécies de aves com a orientação de colaboradores de universidade”, destacou.
“É provável que saiam deste grupo de estudo futuros ornitólogos e pesquisadores. Os alunos fazem pesquisa cientifica e estudos aprofundados em ornitologia, focando para a educação ambiental, como uma disciplina da faculdade”, ressaltou Tâmara Molin, acadêmica de Biologia e colaboradora do grupo.
A mãe do estudante Luis, Maria Angélica Cervi Araujo, disse que a curiosidade sempre foi uma característica marcante no filho. “Desde que iniciou a vida escolar, ele começou a se sobressair. No jardim de infância ele queria ler para os colegas”, contou.
Para Mônica Condessa Franke, mãe do aluno Matheus, é válida e importante a iniciativa do governo do Estado em propiciar aos alunos superdotados um aprendizado extracurricular para que eles possam direcionar e planejar melhor o potencial que possuem. “É essencial para desenvolvimento do superdotado estes recursos que o Governo está oferecendo e a dedicação das professoras para sistematizar o aprendizado das crianças”, ressaltou.